terça-feira, 1 de julho de 2008

Bases da Terapia Cognitivo-Comportamental

TERAPIA COGNITIVO – COMPORTAMENTAL - TCC


A Terapia Cognitivo – Comportamental trabalha com a reeducação de pensamentos e de crenças distorcidos ou disfuncionais.
O paciente na terapia cognitiva aprende que seu sistema de crenças é o que causa seus estados de humor, positivos ou não, e que os eventos externos, experiências da infância e a genética são agentes influentes, mas menos fundamentais do que a forma como o indivíduo reage a eles.
Por exemplo, um mesmo acontecimento desagradável para 2 pessoas diferentes acarretará diferentes reações e sentimentos. Uma pode se afundar a partir de um evento e a outra pode sair do fato fortalecida.
Portanto, são as crenças, mais do que os eventos que originam as emoções. Vejamos:

Fato/Evento à Interpretação/Crenças à Reação/Emoção/Estado de Humor

Embora a maioria das pessoas não se dê conta, toda e qualquer emoção é acompanhada por determinados pensamentos. Muitas vezes, isto é difícil de se detectar porque as emoções podem se alterar muitas vezes ao longo do dia, parecendo surgir do nada, à mercê da vontade. Especialmente a depressão é um problema que pode ser crônico e a pessoa não ter a menor idéia de suas causas. Mesmo que haja fatores orgânicos envolvidos nas doenças emocionais, ainda assim é possível aprender a reagir a eles e levar uma vida prazerosa.

O treinamento comportamental para mudança de hábitos leva o paciente a ter controle sobre fatores que antes lhe causavam impotência. Este treinamento é uma parte bem prática da terapia e traz resultados rápidos, dependendo também da sua motivação e dos passos a serem planejados em conjunto entre o cliente e o terapeuta.

Freqüentemente, a forma de pensar do indivíduo lhe acarreta problemas que parecem repetir-se constantemente, dando uma sensação de que numa determinada área da vida a pessoa é “azarada” ou não é competente. A maioria dos pacientes chega à terapia neste ponto, seja por questões emocionais ou por momentos decisivos de tomadas de decisões. Também é comum que a pessoa já entenda que o xis da questão está em sua forma de pensar, mas por algumas razões ela não consegue alterar sua forma de reagir.

Todos nós reagimos ao ambiente baseados em nossas crenças, nas regras sociais introjetadas e nas expectativas sobre a vida e os acontecimentos.
Por exemplo, uma pessoa que perde o emprego, mas acredita que rapidamente poderá achar outro, ficará menos abalada do que aquela que acredita ser muito difícil conseguir uma colocação. Agora, pode ocorrer que a idéia de que é difícil arranjar o novo emprego seja um dado real e não uma idéia derrotista disfuncional. Neste caso, o foco da terapia é estabelecer metas realistas para que o paciente possa reverter a situação, seja através da busca de novas alternativas, bem como da análise do que ele precisa fazer no momento para superar as dificuldades reais que se apresentarem.
As expectativas são aquilo que esperamos de nós mesmos, dos outros e do mundo. As expectativas podem ser realistas, muito altas ou muito baixas e quando há uma imposição em alcançá-las, elas se tornam obrigações. Freqüentemente, expectativas não condizentes com realidade são a principal causa de problemas emocionais. Pessoas perfeccionistas podem estabelecer demandas inatingíveis, levando-as a sentirem-se fracassadas, a despeito de suas qualidades e talentos. Uma expectativa muito baixa pode levar à depressão.


A TCC começa ensinando o indivíduo a entender sua maneira de pensar e suas reações a eventos que ele pode ter maior ou menor controle. Isto se faz pelo exame dos pensamentos automáticos.

O que são os pensamentos automáticos:

São os nossos diálogos internos, que ocorrem em forma de pensamento ou de imagens mentais. Todos temos conversas internas e automáticas o tempo todo. Estas vozes internas ficam nos dizendo o que fazer o tempo todo. Os pensamentos automáticos derivam das nossas crenças mais profundas. Alguns exemplos:

Situação: perda de emprego -à pensamentos automáticos (produto de crenças) Ex. Nunca mais vou achar outro emprego igual/ não sou bom em mais nada/ o mercado de trabalho é muito difícil/ não vou conseguir passar no concurso, etc... à emoção: depressão, tristeza, sensação de fracasso. Estes diálogos internos podem estar encobrindo a crença mais profunda de ser incompetente/ dos outros serem mais preparados ou inteligentes em geral.

Situação: o telefone não tocou todo o fim de semana à pensamentos automáticos: “ninguém se preocupa comigo/ não tenho amigos/ não sou uma pessoa agradável/ não consigo me relacionar à emoção: sentimentos de abandono, carência, depressão. Crença mais profunda que pode estar encoberta: não sentir-se merecedor de afeto/ou.... o mundo é agressivo e solitário.

Situação: voltando para casa após um dia longo de trabalho à pensamentos automáticos: “estou sobrecarregado de trabalho e não sei como sair disso/ as pessoas me exploram/ todos no escritório são incompetentes/ não sei pedir o que quero/ tenho medo de me expor à emoção: ansiedade, desânimo, nervosismo. Crenças mais profundas: por exemplo: sou superior e ninguém percebe meu devido valor/ou... só se dá bem quem é esperto.

Situação: um “paquera” não retornou a ligação à pensamentos automáticos: “estou envelhecendo/ é difícil casar depois dos 30/ ele era minha última esperança/ não sou atraente/ ele não gostou de mim”.-à Emoção: tristeza, menos-valia. Crenças profundas envolvidas podem ser: é ruim ser mulher/ou... o mundo é injusto, só os homens se dão bem/ou.. não dá para ser feliz no amor.

Os pensamentos automáticos podem vir em forma de imagens e não de pensamentos. Por exemplo: você se imagina chegando em um festa e as pessoas olhando para você criticamente. A imagem aparece na mente como uma cena se desenrolando e muitas vezes é tão rápida que passa despercebida, quase inconsciente. Idem às centenas de pensamentos que vêem à mente em fração de segundos. Sua característica é brotarem na mente espontaneamente, sem esforço e a ausência da distância crítica.

Deve-se prestar atenção a frases que utilizam os termos: sempre, nunca, jamais, pois tendem a ser generalizações que explicam nossas crenças. Uma importante tarefa da terapia é confrontar as evidências que apóiam estes pensamentos e crenças. Um exame mais profundo leva o paciente a perceber que, em geral, os fatos não confirmam seus pensamentos disfuncionais, a não ser que a pessoa pegue um aspecto da realidade para justificá-lo. Vale lembrar que no mundo presenciamos coisas boas e ruins o tempo todo. Assim, podemos focar em uma parte da realidade que corrobore determinada crença e a tendência é realmente o indivíduo buscar situações que irão justificá-las. Quando a visão de mundo é confrontada, o paciente acaba se dando conta que estava focado em uma parte da realidade apenas, desconsiderando formas alternativas de responder aos eventos.

No momento em que o paciente se dá conta de que ele tem a opção de mudar suas cognições (interpretações) sobre os eventos, esta percepção dá início a um processo terapêutico de mudanças internas que irão refletir nos fatos externos. O indivíduo sai da posição de vítima e sente-se mais forte logo no início da terapia, porque ele percebe que, mesmo tendo reais dificuldades, pode começar a agir sobre elas utilizando ferramentas poderosas e eficientes.

Questionando os pensamentos automáticos

Quais as evidências que apóiam esta idéia?
Quais as evidências contra esta idéia?
Existe uma explicação alternativa?
O que de pior poderia acontecer?
Eu poderia superar isso?
O que é o melhor que poderia acontecer?
Qual o resultado mais realista?
Qual poderia ser o efeito de mudar o meu pensamento?
O que eu deveria fazer em relação a isto?
O que eu diria a um amigo se ele estivesse na mesma situação?
Que estratégias eu tenho utilizado para lidar com estes eventos e que se tornaram meu padrão usual de resposta? Esta pergunta leva você a perceber seus padrões de comportamento.

Erros Cognitivos

Erros cognitivos são padrões de respostas que perpetuam os pensamentos automáticos e as crenças que os geraram. Todos cometemos alguns erros cognitivos em menor ou maior grau.

1 – Generalizações: Frases do tipo “ Ninguém vai gostar de mim se...” ..”Todos na festa me criticaram...” .” Aquilo sempre me acontece”... Expressões do tipo, nunca, sempre, todos, ninguém, generalizam um acontecimento. De uma pequena parte, o indivíduo parte para o todo para justificar sua crença.

2 – Pensamento dicotômico: Sem meio termo. “Nunca vou conseguir”. Ou 8 ou 80. Entre o preto e o branco há várias tonalidades, mas esta distorção só permite o “ ou isto ou aquilo”.

3 – Leitura de pensamento: quando o indivíduo interpreta o que os outros estão pensando baseado em poucas evidências reais. Por exemplo: “Fulano não prestou atenção no que eu dizia porque minha conversa estava aborrecida”... quando na verdade a pessoa em questão pode estar muito preocupada com outra coisa.

4 – Ditadura dos deveria: “Eu tenho que...se não..” Os outros deveriam...”. Criação de regras rígidas para si ou para os outros.

5 – Maximização do negativo: aumenta o que de ruim pode acontecer, sem ver o todo. Foca no que se quer evitar. Catastrofização.

6 – Minimização do positivo: Reduz a importância das próprias realizações. Geralmente o item 5 e 6 estão juntos.

7 – Abstração seletiva: Focaliza um detalhe e desconsidera os outros. Exemplo: “Todos dormiram na minha apresentação”...quando de 50, somente 2 ouvintes dormiram.

8 – Ruminação: Repete idéias perturbadoras mentalmente. Rumina diálogos, eventos negativos sentindo-se impotente e sem quebrar o padrão negativo.

9 – Personalização: O indivíduo se vê como o único responsável pelo que acontece, sem levar em conta inúmeras variáveis. Uma certa onipotência. “Ela terminou comigo porque não sou bom o suficiente”, desconsidera os motivos alheios.

Em geral, estes erros cognitivos ocorrem misturados. Aprender a detectá-los é uma importante ferramenta para mudança das crenças disfuncionais. É possível combatê-los e ajustá-los utilizando cartões de enfrentamento, onde o paciente escreve uma frase realista e deixa em um lugar onde possa ler sempre. Exemplo: em vez de um pensamento do tipo: “ eu faço tudo errado”, preenche em um cartão uma frase curta e realista do tipo “ eu faço muitas coisas bem-feitas como x, y, z...” e lê sempre que o pensamento disfuncional se apresentar.
Estas são algumas técnicas que a TCC ensina ao cliente utilizar e que são úteis por toda a vida, não só durante o processo terapêutico.

15 comentários:

Unknown disse...

SOBRE AMAR E SER AMADO

...O amor é em si um sentimento avassalador, porque rompe defesas. Quando amamos, nos tornamos emocionalmente mais vulneráveis e nossas áreas mais frágeis se tornam evidenciadas pela necessidade que temos daquela única pessoa. É um tanto assustador amar e comprometer-se com alguém que nos é muito importante. Inúmeras pessoas não toleram esta emoção intensa e fogem dela não se fixando em ninguém. O que elas não toleram não é o amor ou apaixonamento e sim a fragilidade que a abertura a uma outra pessoa ocasiona nas defesas tao bem construídas para se funcionar num mundo competitivo.



Deste temor deriva o "usar o outro", aquele que quer transar com todas, aquela que só quer seduzir, as ações em função do ego e não do amor. Se a pessoa não arrisca amar, ela também se protege do sofrer as perdas inevitáveis da vida. Mas se o indivíduo somente se protege o tempo todo, também não aprofunda sentimentos e perde a sensação única que a união profunda com outra pessoa acarreta.



Daí ele ( O amor) é dosado pela maioria de nós, que suporta uma quantidade de amor em doses homeopáticas. (Falamos aqui de amor real, profundo e autêntico e não do amor propagado na mídia).

Porém, como somos seres agregadores e sociais, nada consegue calar este instinto de entrega afetiva.

Neste descompasso, ocorre a substituição do desejo real de ser amado por uma camada de estratégias socias em tentativas de ser aceito.

Para ser aceito, é preciso ser o melhor, pois funcionamos em um clima de competição: um ganha e o outro perde. Desde criança, formula-se 2 estratégias: o tentar ser obediente ou o se destacar sendo rebelde. A compulsão de se mostrar bom e eficiente está entranhada em todos.



Existe uma espécie de tristeza íntima por não sermos capazes de amar tanto quanto poderíamos. Temos um potencial enorme e não utilizamos.

O desejo de amar/ser amado é uma coisa só. O dar e receber também. O bebê reprimido no seu receber, nem aprende a dar.



Quando o desejo de amar e ser amado é barrado (e todas as pessoas sofreram algumas privações neste sentido), cria-se um artifício: o de querer ser admirado. Esta é uma necessidade irreal que disfarça uma necessidade real de amor. Mas esta última requer uma vulnerabilidade. O amor admite a entrega e ser admirado só admite a superioridade de um sobre um outro. Esta barreira ou repressão disfarça um desejo que deveria ser exposto e aceito. Este disfarce cria a falta de autenticidade e alimenta a sensação de que o mundo não é confiável para ninguém, porque todos têm muitas máscaras sociais.

Esta barreira cria uma tristeza, sentimento de tédio, solidão ou vazio e não adianta o indivíduo ser aclamado. Depois que ele se acostuma com o sucesso, logo volta ao seu estado normal: se antes era carente vai continuar carente.



Para se romper esta barreira o primeiro passo é ficar observando esta compulsão de querer ser o número um, bem como a vergonha de se entregar ao amor (auto-imagem idealizada). Após admitir a compulsão é preciso entender sua natureza. De onde ela se origina e o que encobre. E o terceiro passo é perceber o sentimento de tristeza e desânimo ou pressão que acompanha toda essa armação.



A energia que poderia ser canalizada para o prazer de viver e da auto-realização é desviada para tentativas de manutenção de padrões irreais muito elevados de comportamento socialmente aceitos. Atualmente, ninguém agüenta sentir-se vulnerável. Se é para ter um defeito, que seja o orgulho, a vaidade, a ansiedade, a pressa, a soberba. Estes defeitos ou traços fardos são os menos desvalorizados, porque têm uma certa utilidade para a competição.



Admitir que somos carentes e vulneráveis e que alguém tem que começar a ter coragem de ser mais aberto para aumentar a confiabilidade na natureza humana é ser fraterno e fazer assistência globalizada.

A luta para provar alguma coisa nos torna orgulhosos e autocentrados. O resultado disso é que qualquer crítica derruba a auto-estima. O psiquiatra Flavio Gikovate explica que ele observa hoje no consultório um narcisismo generalizado na sociedade.

O narcisista construiu uma auto-imagem muito forte, que procura manter a um preço muito alto ou, traduzindo: o preço de ter seus sentimentos anestesiados por um cabedal de “deveria”. Ele exige muito de si e dos outros, exige eficiência, precisa estar em paz ao se olhar no espelho, com uma ótima imagem seja física ou intelectual.



Um bom amigo fez uma grande observação uma vez: “O mais triste não é que não existam pessoas dispostas a amar e sim que existem muito poucas pessoas dispostas a serem amadas”.

Nesta linha de raciocínio, é realmente incompatível querermos amar e ser amados sem abrir mão da auto-imagem controlada e fabricada. Dizem que a auto-estima vem da pessoa sentir-se amada e que não adianta dizer “ame-se”, assim do nada...



Acredito que a auto-estima provém da coragem de sermos autênticos e de perceber que quando nos damos ouvidos começamos a entender nossas reais necessidades. E é a satisfação dessas reais necessidades que nos traz bem-estar efetivo e eleva nossa auto-estima.

E um fato interessante ocorre a partir daí. Como nossa vida é energética, quando paramos para entender nossos reais anseios independente do que nos dizem que é certo, a vida responde colocando na nossa frente situações que favorecem estas descobertas. A energia flui quando finalmente destampamos nossos reais desejos. Por exemplo, se o indivíduo se dá conta que precisa amar e ser amado, mas que procura realizar isso cheio de exigências, ele percebe que ali é um buraco sem fundo, nunca preenchido. Seus instrumentos de busca de afeto estão equivocados, a serviço de sua idealização. O sucesso tem muito pouco a ver com o amor.

Mesmo em livros de auto-ajuda, o amor deveria ser separado da palavra sucesso, sabedoria, ser bem-sucedido, conseguir obter algo, atingir objetivos.



A palavra amor deveria estar amparada por palavras como: auto-aceitação, momento presente, sentir verdadeiramente, olhar para si, autenticidade. Soltar-se.

Unknown disse...

Relacionamento Conjugal - Relacionamento Afetivo - Amor


Hoje em dia é possível um casal ser feliz?

A resposta de um filósofo na entrevista de um jornal: É difícil uma pessoa ser feliz sozinha, por si mesma.
Quando encontramos outra pessoa, muitas vezes achamos que ela vai tornar nosso mundo colorido, feliz para sempre, protegido quanto a determinados sofrimentos. Em alguns pontos isto é verdade, pois ter uma união feliz com alguém é comprovadamente um fator de felicidade.

Porém esta felicidade é relativa, envolvendo situações específicas e momentos de prazer, que no geral, dão um sentimento de alegria. A relatividade deste prazer é que a pessoa não muda seu nível íntimo de bem-estar por um tempo muito longo devido a uma novidade, ou seja, após um feliz acontecimento, o nível de felicidade volta ao “normal” ou a um nível basal, ao qual o indivíduo já está acostumado a manejar.

Em um relacionamento, após passar o momento inicial de euforia, o casal começa a se mostrar na intimidade, cada um trazendo elementos de sua psique, de sua história, talentos e fragilidades, em uma troca intensa.
Se o indivíduo não tem um bom nível de satisfação com a própria vida, não será a entrada de outra pessoa na sua vida que lhe trará, como mágica, aquele sentimento íntimo de satisfação.

Às vezes o início de um relacionamento para uma pessoa em conflito, junto com a alegria da novidade, aumenta seus sentimentos de inquietude, como se aquele caldeirão em ebulição fosse remexido e levantasse ainda mais a fervura, pois, uma das primeiras funções de um relacionamento é trazer à tona nosso lado mais frágil, o lado que se entrega ao amor e fica, digamos, “na mão de outra pessoa”.

Discordo quando leio que não devemos nos entregar totalmente a outra pessoa, que devemos resguardar uma parte nossa, ou que nunca podemos confiar inteiramente; No amor, a entrega é um ato de coragem e necessária para que a relação seja profunda e madura. Realmente, amar é um grande ato de coragem! Para que a relação dê certo (leia-se: que seja uma união satisfatória e não pró-forma), é preciso haver entrega de sentimentos e confiança na união. Se ela acaba, claro que o sofrimento intenso é inevitável.

Iniciar uma relação com muitas defesas não é um bom negócio. A defesa é sentida pelo parceiro como uma parede aos seus sentimentos amorosos e resulta em medo e mágoas. Termina por ambos ficarem armados e é esta a realidade que vemos em muitos casais. Qualquer coisa é motivo para brigas e acusações, tudo é sentido como um ataque, porque na verdade a própria pessoa está defendida e armada com a vida.

Assim, voltando à resposta do filósofo, é exatamente isto: para ser feliz em dupla, o indivíduo deve ser capaz de se sentir bem sozinho em primeiro lugar. Não é questão de se amar, porque isto é secundário. O amor próprio é resultado de realizações e boas relações afetivas e não o contrário. Quem não tem isto deve procurar, se esforçar para trazer isto para a própria vida e assim o sentimento de auto-estima aumentará.

O casal deve esforçar-se para trazer para a relação elementos que aumentem a satisfação de ambos. O que faz um casal feliz não é somente o que ele faz em conjunto, mas especialmente o que cada um faz com a própria vida separadamente e como traz isto para a relação.

A capacidade de vibrar com as realizações do parceiro, de participar, de ter interesse genuíno pelo que o outro está fazendo, de ouvir com atenção e tecer comentários calorosos, é um elemento que torna as relações muito mais profundas e prazerosas, tornando a parceria mais cúmplice.
Para muitos casais, as mágoas e desgostos acumulados tornam esta capacidade de vibrar pelo outro uma tarefa difícil ou forçada.

Não importa o ponto em que se está: esta qualidade cada parceiro deve se esforçar para obter ou resgatar na relação. Se o que se pretende é uma relação realmente satisfatória, cabe a cada um ter iniciativa de fortalecê-la, começando por fortalecer-se a si mesmo, aumentando o nível de interesse geral pela vida e trazendo riqueza de detalhes para as trocas cotidianas.

Para que o amor aconteça e seja uma união feliz é possível começar pela coragem de arriscar. Arriscar baixar as defesas, ir de encontro ao outro com uma atitude aberta e curiosa. Pode não ser tudo, mas já é um bom começo.

Flavia Krahenhofer
Se gostou, comente no meu blog: terapiacognitivocomportamental.blogspot.com.

André disse...

Muito bom Flavinha!!! Faça um livro!!! :D
Beijão
André

MqM disse...

Amor, sexo e relacionamento são coisas bem diferentes que quando funcionam juntas no frio mundo da razão vendem bons livros, consultorias, palestras e cursos. E, se esta sensível trindade lhe ocorre ou já ocorreu na prática, não tenho dúvida de que algo você "fez" para merecer experimentar tal "sorte".
Bjs

MqM disse...

Vai namorar, juntar os trapos, fazer sociedade?
Aconselho a você que está pensando em começar um relacionamento que pense duas vezes: seja como for, não terceirize sua felicidade.
É missão quase impossível satisfazer alguém por completo e sentir-se da mesma forma em função deste, quero dizer, por causa deste.
O que estraga uma relação não são os defeitos do outro, mas sim “nossas” exigências que quando não estão em dia afetam diretamente os níveis de tolerância para qualquer coisa que vem do outro. Ressaltei “nossas” por ser bem possível que tais exigências sejam manifestadas por nós, mas pertençam a qualquer outro, por exemplo, aos seus ou meus pais, avós, amigos ou mídia.
Somos educados a satisfazer as exigências externas, dos outros ou do sistema, e subliminarmente a passar por cima das nossas para evitar desagradar ou desenvolver conflitos.
Quando nos unimos a outra pessoa é inevitável que exijamos o cumprimento deste modelo e ao mesmo tempo agridamos e combatamos tudo o que sempre nos mutilou, oprimiu e é representado por ele, agora projetado na pessoa amada.
Sendo assim, desenvolva a responsabilidade de ser livre, aprenda a se satisfazer por conta própria, a se aceitar e gostar muito de como você é, sem culpas, vergonha ou depender da opinião de quem quer que seja. Conheça-se e respeite-se. Só assim estará pronto para encontrar o outro e seus apêndices, sendo capaz de respeitá-los.
Não acredite na idéia de que alguém ideal é aquele que lhe complementa. Essa missão é um fardo para qualquer um e convite a dor da frustração e mágoa. Relacionamentos que se estabelecem baseados nesta premissa obsoleta cansam, pesam e falem, embora ainda assim seus integrantes se mantenham juntos aguardando pelo alívio da separação natural: a morte física ou psicológica. Saia dessa!
Seres humanos bem resolvidos e plenos não precisam se esforçar em atrair para si outros que vibrem no mesmo nível. Isso simplesmente acontece. Quando elegem um parceiro por amor ou outra razão qualquer, não estão em busca de complemento e sim de suplemento.
Pessoas suplementares são aquelas que têm como principal objetivo em suas relações, somarem. Elas estão prontas para isso, pois se conhecem e sabem o que podem oferecer a quem delas se aproxima. O resultado da matemática do relacionamento desses indivíduos sempre é um valor positivo. E não pode ser diferente: eles já são satisfeitos, ao contrário daqueles que buscam por quem os ajude a ser, os complementares.
Suplementares são exigentes, afinal são seres que enfrentaram meio mundo matando um leão por dia para encontrarem sua plenitude existencial. Eles não são conformistas e não se contentarão com pouco. Nem em suas relações íntimas, nem em sua sociedade.
Torne-se um e experimente uma nova dimensão existencial.

Unknown disse...

Adorei. Amar é mesmo uma arte e estou aprendendo muito com você.
:))

Unknown disse...

Flávia, me procura, por favor! Estou precisando de você. Bernardo.

Unknown disse...

Por favor, Flavia, me procura, você tem o meus telefones. Preciso de você! Bernardo.

Uma mulher realizada por Deus, em todos os fatores... disse...

Adorei este assunto, porque é o meu também, estou começando mais um blog, e este é mais focado na psicologia, quero trocar novas idéias sobre a psicologia comportamental, e outros dentro do mesmo contexto, se puder acessar meu blog, poderemos trocar idéias e eu posso aprender também, afinal só fiz até a licenciatura, mas assim que possivel, vou retornar e terminar, aguardo sua resposta...

Vicentin disse...

Muito Bom seu artigo , Obrigado

Flavia Krahenhofer disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Flavia Krahenhofer disse...

http://www.youtube.com/watch?v=1ij5A9r3xxQ&list=LLjhPUcwBMmu12JH6SHmJl8A&feature=mh_lolz

Olá pessoal, estou realizando uma série de vídeos sobre terapia cognitivo-comportamental no YOUTUBE. Este é sobre depressão e genética.
Espero que seja útil!
Obrigada!
Flavia Krahenhofer
Terapia cognitivo-comportamental

Flavia Krahenhofer disse...

http://www.youtube.com/watch?v=D03x659N4Dw&feature=related

Pessoal, mais um vídeo no youtube, este é sobre depressão e visão de vida. Se gostar, compartilhe com quem precise entender melhor este problema. Obrigada!

Psicóloga Flavia Krahenhofer disse...

https://www.youtube.com/watch?v=n3-1TANpWA8

Unknown disse...

E quando a pessoa acha que não interage com o mundo? E que já teve esses problemas todos mas na verdade, o que acontece é que vocé nunca se abre com ninguém. E nunca consegue.